ÉTICA & COMPLIANCE (E&C) E RECURSOS HUMANOS (RH): DA COMPETIÇÃO À COLABORAÇÃO

 em Cultura e Liderança, Ética & Compliance, RH - Educação Corporativa

LRN Ethics & Compliance Pulse: Working Through Awkwardness of HR Relationship

27 de março de 2019

 

Como transformar a “competição” entre as funções de Ética & Compliance (E&C) E Recursos Humanos (RH) num “trabalho em equipe”?

  

Nem sempre é fácil o relacionamento entre as funções Ética & Compliance (E&C) e  Recursos Humanos (RH), embora ambos desempenhem papéis relevantes  na construção e  manutenção da cultura da organização.

Ambas as funções, E&C e RH, desejam que haja lealdade e engajamento dos funcionários que, por meio de seu trabalho, defendam os valores da organização, tragam à luz potenciais problemas e dilemas éticos, e sirvam de exemplo para os demais colegas de trabalho. Apesar dessa convergência de objetivos pode haver tensão entre Compliance e RH em questões de área de influência, dados e supervisão.

Ben DiPietro, que foi editor do jornal “Risk & Compliance” do Wall Street Journal e é Thought Leader na LRN, atuou como moderador no Ethisphere Institute’s Ethics Summit (Março/2019). Ele coordenou um painel composto por três executivos de Ética & Compliance (E&C), que compartilharam suas estratégias de construção de relacionamento com RH, como descobriram maneiras de trabalhar juntos e criaram resultados positivos para todos.

 

KATIE LAWLER – U.S. BANK

Katie Lawler, vice-presidente sênior e diretora global de ética do U.S. Bank compartilhou sua experiência. Ela trabalhou anteriormente no departamento de recursos humanos do banco, onde gerenciou o programa de ética até 2016, quando ela ingressou na divisão jurídica como Chief Legal Officer (CLO). Em 2017, quando o programa de ética foi elevado a uma função autônoma, ela foi escolhida para liderá-lo.

Mesmo tendo raízes no RH, Lawler disse que a transição da função ainda foi um desafio. Como RH detinha todo o histórico dos funcionários, era difícil para o Compliance descobrir onde as responsabilidades de uma função terminavam e outras começavam.

Então, Compliance concentrou-se em construir relacionamentos e mostrar a conexão de todos os diversos pontos de contato de RH com a cultura ética da organização. “Essa parceria E&C com RH é vital”, afirmou Lawler.

 

LISA BETH LENTINI – DELUXE CORP E CARLSON WAGONLIT

Lisa Beth Lentini trabalhou em altos cargos de compliance na Deluxe Corp, empresa de serviços de suporte empresarial, e na Carlson Wagonlit, empresa de serviços de viagens de negócios, e falou dos seus desafios para integrar Compliance e RH. Segundo ela, parte da construção do ambiente colaborativo necessário para o sucesso é aprender a linguagem dos corações e mentes das pessoas com quem se está trabalhando.

Todos nós chegamos com diferentes pontos de vista. Todos nós trazemos nossa própria linguagem. É vital criar uma linguagem comum, uma abordagem que atraia, e seja significativa para os mais diferentes grupos.

O Head de Ética ou Head de Compliance deve ser capaz de vender bem o que faz. Isso é muito importante para conseguir que as pessoas acreditem e apoiem.

 

LAURIE GALLAGHER – SABIC

Laurie Gallagher é diretora-chefe de compliance e contencioso da SABIC, indústria petroquímica sediada na Arábia Saudita, e fala de sua experiência. A empresa se expandiu mundialmente por meio de uma série de aquisições. Sendo assim, ainda não havia nenhuma função global corporativa nem de RH, nem de Compliance.

Gastou-se muito tempo para criar definições: o que é do reino do RH, o que é do reino de Compliance. A integração é o ponto chave: os funcionários não querem ver uma linha de separação entre Compliance e RH.

O engajamento dos funcionários deve ser fruto de um esforço conjunto de ambas as equipes. É importante assegurar isso. Eles precisam perceber que há integração, e sentir que os problemas serão resolvidos. Do contrário, eles perdem interesse em procurar Compliance ou RH para falar sobre questões potencialmente corrosivas.

Para assegurar essa integração desenvolveu-se um programa chamado de Leadership Way (Jeito de Liderar), que define padrões de comportamentos de liderança relativos o todo tipo de competência visando a unificação do processo de comunicação em toda a organização.

O desafio não é apenas dizer aos funcionários o que eles não podem fazer, alertando-os sobre a má conduta. Mas definir expectativas sobre o bom comportamento, estimulando-os sobre a conduta certa.

Em vez de “expectativas segmentadas”, Compliance aproximou-se com uma visão unificada das expectativas comportamentais dos funcionários, e ajudou a equipe de RH a lidar com essas questões.

 

DANDO A VITÓRIA A TODOS

 

E&C x RH no U.S. Bank

O que começou como um potencial conflito entre as equipes de Ética e RH do U.S. Bank acabou sendo um enorme sucesso para ambas as equipes. O banco revisa e atualiza seu treinamento sobre o código de conduta a cada dois anos. Lawler, Head de E&C, inicialmente estava insatisfeita com a proposta apresentada pela equipe de educação corporativa do RH.

Ela falou-lhes que esperava algo diferente. Em vez da resistência ou oposição, Lawler ouviu da equipe de RH que eles queriam fazer algo ousado e inovador, mas não conseguiram encontrar parceiros. Ela, então, ofereceu sua unidade como cobaia, para realização de um “piloto”. A colaboração produziu um novo tipo de treinamento que foi extremamente bem recebido e a equipe de educação corporativa acabou conquistando alguns prêmios e reconhecimento. Motivada por esse sucesso, a equipe de RH já abordou Lawler com ideias para a próxima atualização do treinamento do código.

“Com o clima de maior liberdade criado pelo Compliance, o RH passou a olhá-lo como um parceiro com quem deseja trabalhar junto: isto foi a maior vitória”, disse Lawler.

 

E&C x RH na DeLuxe Corporation

Quando Lentini começou na Deluxe, a função de Ética era gerenciada por um advogado trabalhista e havia um código com apenas três páginas. Uma das primeiras coisas que ela fez foi reunir pessoas de várias funções, consideradas por ela como aliadas, por terem dentro de si “uma faísca, um pouco de paixão por fazer a coisa certa”. Muitas vieram do RH. Durante vários meses, este grupo desenvolveu um código alinhado com a marca e os valores da organização: documento que incorporou os conceitos esperados de um código de ética corporativo.

Na medida em que RH e outras funções puderam estar tão intimamente envolvidas na criação desta nova versão do código, eles se viam como uma espécie de ‘curadores” desse projeto. Esse consenso gerou outras formas colaboração, incluindo o trabalho do E&C com o time que cuida da marca e  com o time de RH para iniciar um processo regular de comunicação, com nova dinâmica.

“Isto permitiu-nos ampliar a voz da Ética & Compliance, e ampliar as vozes de RH e outras funções. Ajudou a tornar a mensagem mais forte”, disse Lentini.

 

Fonte: LRN E&C PULSE, por Ben DiPietro – Thought Leader na LRN. Foi editor do jornal “Risk & Compliance”do Wall Street Journal

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