O BENEFÍCIO DAS CRISES

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Dia Internacional do Consultor é comemoração anual estabelecida pelo “The International Council of Management Consulting Institutes”. A última ocorreu em 6/6/2019. Essa organização global congrega institutos de consultoria organizacional em 48 países: no Brasil é o IBCO, onde estive como presidente em 2016.

A celebração desse Dia me trouxe a lembrança agradável de um amigo e humanista admirável: Paulo C. Moura.

 

Tive a honra de trabalhar com ele num projeto de gestão de mudanças organizacionais. Ele faleceu no final dos anos 90. “Não foi devidamente reconhecido” : disse-me certa vez um diretor da Coppead. Concordo: considero-o o mais completo profissional do campo de consultoria que conheci. Por isso, aqui vai singela homenagem: síntese do que ele escreveu, há décadas, sobre CRISES, que ainda conserva seu frescor.

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Na vida das organizações, como na vida humana, os momentos mais significativos são precedidos por crises.

As crises, em si mesmas, não são boas nem ruins.

Se soubermos aproveitá-las, elas podem ser benéficas, porque amadurecem e depuram. Se não tivermos, essa capacidade de aprendizagem, a perplexidade gera ansiedade, e as crises crescem e se constituem em ameaças de consequências às vezes imprevisíveis.

Toda crise traz, no seu bojo, o desafio inerente à situação de mudança:

·        De algo conhecido, para algo desconhecido;

·        De algo a que estamos adaptados, para algo a que ainda não estamos adaptados;

·        De algo cujas necessidades e problemas são conhecidos, para algo cujas necessidades e problemas ainda não estão identificados;

·        De algo cuja essência é bem delineada, para algo mal delineado;

·        De algo cujo risco é conhecido e aferido com relativa precisão, para algo cujo risco é desconhecido e difícil de calcular a extensão.

Por isso mesmo, toda mudança gera ansiedade que se traduz num certo sentimento de desconforto pelo desconhecido… A resistência à mudança não é senão um comportamento defensivo, uma espécie de temor.

Não podemos nos omitir nas situações de crise. Ignorar, fugir ou entregar-se passivamente, são representações dessa omissão. A omissão só pode conduzir à situações cada vez mais graves, até que não haja solução possível.

Não devemos, igualmente, superestimar as crises, encarando-as como verdadeiras doenças mortais. Toda crise é uma oportunidade e um convite à analise mais profunda de nossos acertos e desacertos atuais.

Coisas, procedimentos e até pessoas que foram úteis num certo estágio, podem estar superados num estágio mais adiantado. A crise é um precursor que serve para nos alertar de que algo mudou e as novas situações carecem de novas soluções.

Vencer uma crise significa sair dela bem mais experiente do que se entrou… Em certo sentido, estar em crise significa estar maduro para um novo estágio de vida, um nível mais alto de desempenho. E como viver é desenvolver-se adptativamente, podemos dizer que as crises são um convite ao progresso.

Estamos em crise, felizmente ! – bem poderia ser um slogan indicativo de abertura para o progresso.”

* Paulo C. Moura foi Consultor empresarial com larga experiência internacional. Pioneiro na introdução da metodologia de Desenvolvimento Organizacional (DO) no Brasil. Foi Diretor do Senai-RJ e Sesi-RJ, fundador e presidente do Instituto de Estudos Políticos e Sociais. Membro do World Futures Studies Federation, do Conselho Consultivo da University State of California e do COnselho de Desenvolvimento da PUC/RJ. Consultor da ONU e do NTL –Institute for Aplied Behavioral Sciences. Profissional do Ano pela ABRH em 1989. Autor de vários livros tais como: “Na Direção do Século 21: O Brasil e a Empresa dos Anos 90”, “Crise do Emprego: Além da Economia”, e “Construindo o Futuro” . Foi professor da UERJ, PUC-RJ e visiting-professor de Escolas de Administração dos EUA e Europa como a Loyloa e Tulane Universit, e o IMD- International Management Development Institute (Suíça).

 

 

 

 

 

 

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