COMO NASCEU O CRINGE?

 em Gerações

O quanto o fenômeno “cringe” divide especialistas? Seria apenas mais um modismo? Ou pode ser um sinal singelo de transformações culturais que precisamos compreender melhor? Caso sejam transformações relevantes em que medida influenciarão a vida nas organizações, na família e na sociedade como um todo?

O professor Christian Dunker da USP (Prêmio Jabuti, 2012 – “Estrutura e Constituição da Clínica Psicanalítica”) fez interessante reflexão a respeito (UOL, 16/7/2021). Ele diz:

“Enquanto a geração Y sofria com o peso da aparência, ao modo de anorexias, bulimias e transtornos somatoformes, a geração Z elevou a ansiedade e a depressão a um novo patamar.

Pela nova lógica transgeracional, a última geração julga a anterior como mais infantil, menos moral. Isso desperta esta curiosa forma de vergonha, chamada cringe.

Quando alguém entra na adolescência, tomando consciência mais clara de sua condição geracional, aparece sentimento típico: a vergonha dos pais. Jamais me levará naquela festa, muito menos aparecer na frente de meus amigos.

Os pais passam a simbolizar a criança dependente que um dia fomos. É como se quiséssemos apagar aqueles momentos desagradáveis que aliás, estes mesmos pais não cessam de nos lembrar. Eles são capazes de expor sadicamente nossas “infantilices”, jogando na nossa cara incoordenações, tolices e bobagens.

Mas o cringe é algo completamente diferente disso. Não é vergonha de si mesmo, nem vergonha dos pais, mas vergonha alheia. Vergonha de que o outro não sinta a vergonha que ele deveria sentir por agir daquela forma.

A própria palavra “cringe” remete a “dobrar-se ou agachar-se, especialmente com servilismo ou medo”, variante do antigo “cringan” inglês “render-se, ceder, cair (em batalha); tornar-se dobrado” e do proto-Germânico “krank”, “dobrar-se, encaracolar”.

Neste sentido os zenial estão apontando para a facilidade como os “mimimillenials” se dobram diante de dificuldades. A conotação de “vergonha alheia” talvez derive da conjunção entre cringe e crank que literalmente quer dizer manivela…”

Dunker explora a imagem do “girar a manivela”. Isto nos remete ao dicionarista Hoauiss que define o verbo “manivelar” como “lutar por algo”. A raiz de “lutar” é “medir forças”. Afinal, como o “manivelar” da nova geração desenhará o futuro?

Lei aqui o artigo completo
https://www.uol.com.br/tilt/colunas/blog-do-dunker/2021/07/16/cringe-diferenca-de-geracoes-geracao-z-geracao-y-millenials.htm

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